terça-feira, 23 de agosto de 2011

poucas palavras

suavizei o olhar inconformado e estupefado de indignação do transeunte desavisado que arrebatou com perfeição meu coração
agora desorientado e desalmado busco sem sucesso alguma consolação em seu ratro estampado na multidão

terça-feira, 16 de agosto de 2011

sua voz ecoa em meu peito tal qual minha língua em sua boca ...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

(...) O som do silêncio invade meu pensamento. Rapidamente vai me rasgando. É um grito eclodindo em minas entranhas. Implorando para ser escutado. Nego-o e sigo o pensamento inquieto. Furto-me ao silêncio. Sucumbo ao seu som. DÓI. Infesta todo o meu corpo impuro. Nefasta toda minha mente insana. Afasta todo o delírio casto.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Olhares

Ainda que possível me desvencilhar de seu olhar sempre me senti nu. Naquele dia você me despiu e jamais me cobriu com uma pele qualquer. Estranha sensação que este seu olhar me causa. Desisti de me cobrir. Optei por cerrar seus olhos. Olhar despido. Incrédulo. Estúpido.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

RETALHOS


Todo o meu corpo dói ...
Cansei de costurar os retalhos recortados ao longo destes anos
Preciso ser renovado
Pano novo em tecido velho, repuxa
Deixei de pregá-los para que este couro reviva
Esta exposição me deixa vulnerável
Mostrá-lo me parece ser outra pessoa ...
Mas na verdade, esse foi sempre eu
Difícil acreditar que minha essência foi tão bem escondida
Os tecidos coloridos fizeram bem o seu papel
Agora sinto-os despregando
Não sei se a dor é do desprendimento ou da nova pele que se aviva
Só sei que dói

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Q = m . L

Senti seus olhos me seguindo
Amendoados
Atormentados
Ávidos pelo que eu não podia dar

Senti seu coração pulsando
Acelerado
Ritmado
Alucinado pelo que ainda está por vir

Senti sua mão me esquentando
Inquieta
Esperta
Ardente por me tocar
...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

EU NÃO SONHEI, SONHEI !

Ele oscilava entre o sonho e a razão. Não que o sonho não tivesse razão, mas eram mundos diferentes e que raramente se encontravam. Todos os seus atos foram pensados. Tinha medo de perder o controle da situação. Inventara aquele modo de vida. Não era feliz ! A felicidade era abundante no mundo dos sonhos. Mas mesmo assim ele a temia. Não saber ser feliz era o que ele mais sabia fazer. Fugia dos sonhos e da felicidade. Procurava encontrar o equilíbrio mas a razão sempre falava mais alto. Quando achou que estava insuportável viver daquele jeito tentou aniquilar os seus sonhos. Mas eles não o deixaram. Pelo contrário, passaram a se fazer cada vez mais freqüentes. Já não era necessário mais fechar os olhos para sonhar. Eles aconteciam a todo momento. Foi neste instante que ele perdera a razão de toda a sua existência. A partir daí passou a viver sonhando. Muitos diziam que ele era feliz. Outros diziam que era louco. Já não se importava com a sua razão. Já não se importava com os seus sonhos. Perdeu a noção do tempo, do espaço, da realidade. Apenas sonhou feliz. Não pensou. Viveu. Até o fim. Como uma árvore. Que morre em pé.