segunda-feira, 28 de junho de 2010

Q = m . L

Senti seus olhos me seguindo
Amendoados
Atormentados
Ávidos pelo que eu não podia dar

Senti seu coração pulsando
Acelerado
Ritmado
Alucinado pelo que ainda está por vir

Senti sua mão me esquentando
Inquieta
Esperta
Ardente por me tocar
...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

EU NÃO SONHEI, SONHEI !

Ele oscilava entre o sonho e a razão. Não que o sonho não tivesse razão, mas eram mundos diferentes e que raramente se encontravam. Todos os seus atos foram pensados. Tinha medo de perder o controle da situação. Inventara aquele modo de vida. Não era feliz ! A felicidade era abundante no mundo dos sonhos. Mas mesmo assim ele a temia. Não saber ser feliz era o que ele mais sabia fazer. Fugia dos sonhos e da felicidade. Procurava encontrar o equilíbrio mas a razão sempre falava mais alto. Quando achou que estava insuportável viver daquele jeito tentou aniquilar os seus sonhos. Mas eles não o deixaram. Pelo contrário, passaram a se fazer cada vez mais freqüentes. Já não era necessário mais fechar os olhos para sonhar. Eles aconteciam a todo momento. Foi neste instante que ele perdera a razão de toda a sua existência. A partir daí passou a viver sonhando. Muitos diziam que ele era feliz. Outros diziam que era louco. Já não se importava com a sua razão. Já não se importava com os seus sonhos. Perdeu a noção do tempo, do espaço, da realidade. Apenas sonhou feliz. Não pensou. Viveu. Até o fim. Como uma árvore. Que morre em pé.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

REGOZIJO

O espelho revelou sua aparência, pálida.
Meu beijo corou sua face, serena.
Uma voz silenciou o instante, doce.
O tremor invadiu o meu ser, delírio.

Não houve palavra sobre palavra.
Tudo era pele.
Carne sobre carne.
Desejo. Insano. Gozo.
Dejetos de nossas almas.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Até o mundo acabar ...


Ouvi tua voz. Limpa. Clara. Tão suave.
Me deixei levar feito uma correnteza de um rio. Limpo. Claro. Nem tão suave.
Pensamento ao vento sob o luar de uma noite de outono.
Você me aquecia ao mesmo tempo em que me conduzia.
Sem destino.
Estava inerte à sua voz e mergulhado em seu discurso.
Meu mundo era seu, tais quais meus sentimentos.
O mundo podia acabar, enfim !

(...)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

AMO-TE
Te negar é me negar
Te encontrar é me perder
Te ter é não me ter
Te desejar é me aniquilar

Te culpar é me absolver
Te entreter é me entediar
Te submeter é me aprisionar
Te livrar é me condenar

Desejo-te
Nego-te
Culpo-te
Amo-te

(...)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

SECO
Te vi com um olhar seco. Por pouco não tropecei na amargura do seu coração. Percebi que não era o meu olhar que lhe tirava a vida e sim o seu escudo que ofuscava minha visão. Lembrei-me do agreste e vislumbrei em seu ventre aquela paisagem. Árido por natureza. Quebrantou o que de mais puro habitava em mim. Meu olhar inocente foi desviado para o caminho sem volta que se desenhava a minha frente. Ousei segui-lo com a indiferença de sua existência que ainda estava impregnada em minha mente. Não olhei pra trás, mas senti-o chorando. È certo que suas lágrimas eram secas. Não tocavam o chão. Imaginei a dor que poderia sentir, mas lembrei-me que seu egoísmo não lhe permitia sentir dor. Descobri a sua força ao constatar sua imunidade ao sentimento. Neste momento o invejei ao mesmo tempo em que me esforcei para não ceder a tentação de te acolher novamente. Foi difícil. Me desvencilhei daquela cena. Respirei. Levantei e corri até meus pés não mais agüentarem suportar a dor. Invejei-o novamente. Não era a dor dos pés e sim do coração que pulsava em descompasso com os pensamentos que insistiam em me atormentar naquele instante. O vi novamente deitado em posição fetal, nu e reluzente feito prata. Era desesperador vê-lo e não tocá-lo. Precisava voltar e te levantar. Não suportava a sensação em deixá-lo pra trás caído feito um derrotado, mas por outro lado nunca me senti tão livre e confiante. Precisava acertar os meus passos, os meus pensamentos e ajustar minhas batidas cardíacas. Recompus-me. Enxuguei a única lágrima que insistiu rolar em minha fronte. Constatei que a estrada não se acabava, mas sua presença morria a cada passo dado. Insisti em passadas mais largas para que você não se recuperasse e seguisse em minha direção. Não suportava a sensação de ter que encará-lo novamente. Aos poucos fui apagando as marcas que você deixou em mim. Percebi que ao apagar a ultima marca o caminho chegou ao fim, tal qual o rio amarelo na China. Não tive outra opção. Sentei e ali fiquei e acabei-me morto de mim mesmo.