sexta-feira, 10 de julho de 2009

TEMPO MUDO


Hoje acordei mutante. Aliás, acho que todos os dias acordo mutante. Não, na verdade estou em constante mutação. Talvez a vida realmente seja isso, uma mutação em andamento. Digo isso porque hoje me sinto diferente de ontem, não sei ao certo se evoluí, mas sei que saí do lugar. Ainda não consigo perceber se pra frente ou pra trás, mas saí do lugar. Será isso uma evolução ou um retrocesso ? Prefiro acreditar que seja uma evolução, mais um passo nessa metamorfose inconstante. Mutação não retroage, avança ! Mas pra onde ?

É mudança, é certo. Os sinais indicam mudança. Os ventos trazem mudança. Sinto cheiro de nada. Nada gera o ócio. O ócio não gera nada. Não avança. Não muda. Estabiliza ! Mutação estabilizada ? Não, definitivamente não. Meus cabelos cresceram. Tenho que fazer a barba. Os sinais do tempo indicam mudança. São as rugas na minha fronte. O meu pensamento que não processa as informações na velocidade do tempo. Não, não é uma evolução é um retrocesso. Será ?

Mutação, metamorfose, mudança. Tudo passa. Mas o tempo não. O senhor de tudo. Ou quase tudo. Mudo, desmudo, transmudo. Sigo o tempo. Não o vejo. Não o sinto. Talvez por isso esse cheiro de nada. Talvez por isso esse ócio. O tempo não muda. O tempo é estático, estável, parado ! Passo pelo tempo. Mudo o tempo. Mas ele não faz nada. Ele é o ócio. A mudança se fez no relógio. Uma hora pra frente. Muito acontece em uma hora. Mas o tempo continua sendo o tempo. Uma hora a mais ou a menos, tanto faz. Mudo. Tempo. Mudo.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

BRIO

Uma névoa densa se deita sobre a manhã. Não se consegue distinguir os traços das pessoas, que se locomovem sem se importar com a mesma. Talvez seja essa a razão da despreocupação. Andar sem ser visto. Se camuflar no imenso vazio da tez da manhã. Se desentranhar ou talvez se desintegrar e desejar virar a própria neblina que tinge de branco esta alvorada. É estranho o fato das pessoas tornarem-se leves, limpas, auras. São pessoas jogadas ao vento, que se movem sem qualquer direção. Sim, estão despojadas ou talvez despudoradas, por isso a leveza. Estão transparentes e alvas e isto que as tornam inodoras, incolores, intimistas, insípidas. Mas é só. Nada disfarça o brio infeliz de suas inexistências.